quinta-feira, 29 de julho de 2010

Fase!!!

Ultimamente não tenho gostado do que escrevo. Dizem que é uma fase!

JEQUI

Jequi


Je- qui- ti- nho- nha

Vale do Jequitinhonha,

Mãos calejadas,

Pés firmes,

Olhares profundos,

Estradas vermelhas,

Estradas pedregosas,

Capim alto,

Rio caudaloso e corrente,

De muitos poetas e histórias,

De muitos homens,

Mulheres,

Velhos

E crianças.

Rio Jequitinhonha,

Morada de Oxum,

E de tantos orixás que nele quiser habitar,

Princípio do Vale,

Sustento de famílias,

Areia para a construção,

Peixes para a alimentação,

Rio Jequitinhonha que modela o Vale,

Rio Jequitinhonha que dá vida ao Vale,

Ao Vale da Mata Escura,

Ao Vale também da gente escura,

Rio Jequitinhonha onde se tira o barro,

Barro,

O sustento do artesão,

Sutento de Dona Maria e Seu Chico.

Assim como muitas Marias e Franciscos,

Sustento das mulheres de Guaranilândia,

Mulheres fortes,

Corajosas,


Mulheres adubo,

Mulheres semente,

Mulheres que moldam e tecem vidas,

Vidas de um Vale próspero,

Justo,

E felíz!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Encontro com o Pampo da Espinha Mole

A tarde estava ensolarada e após um dia intenso de trabalho recebi um convite de um amigo para fazermos uma caminhada pela praia do rio do peixe pequeno até à praia do rio do peixe grande. Aceitei o convite, troquei de roupa, coloquei a sunga de praia e fomos em direção à praia. Era fantástico o encontro do rio do peixe pequeno com o mar, estava acontecendo o fenômeno chamado “pororoca”. As ondas estavam fortes pois estava presente o vento leste. Foi então que me lembrei de uma história acerca do vento leste que escutei em Cumurxatiba de um dono de pousada que tinha escutado de um pescador da vila.


Conta a lenda, que certa temporada estava um forte vento leste e que a mãe do vento leste querendo lavar roupa perguntou ao seu filho se iria ou não chover. O vento leste logo disse à sua mãe para ficar tranquila, pois não iria chover. Desta forma, a mãe do vento leste lavou a roupa e quando estendeu para secar, logo veio uma grande chuva. Desde então, os pescadores artesanais não saem para pescar quando há vento leste. Segundo eles, se o vento leste foi capaz de enganar a sua mãe, imagina eles.

Dando continuidade ao meu passeio pela praia encontrei na areia um peixe chamado Pampo da espinha mole, nome este que eu havia aprendido com um pescador durante um almoço em sua casa. Fiquei apreensivo pois vi e senti que o Pampo estava respirando com uma grande ânsia de viver.

Rapidamente mostrei ao meu colega pegando o peixe e colocando dentro do mar, a onda estava forte e o jogava para fora. Eu brigando com a suposta morte do Pampo insisti em devolvê-lo para o mar inúmeras vezes. Foi então que meu colega disse:

- Deixa para lá! Ele vai morrer de qualquer jeito.

Insisti mais duas vezes e percebi que o Pampo estava tomando força. Já conseguia mergulhar e lutar contra as fortes ondas. Foi então que num momento rápido de despedida o Pampo deu um longo mergulho se aproximando de mim, como se estivesse agradecendo e em seguida sumiu no grande mar.

Não sei se encontrarei o Pampo algum dia pelas minhas caminhadas nas praias ou nos meus banhos de mar em Cumuruxatiba. Mas comigo fica a lição aprendida com o Pampo da espinha mole “acreditar e lutar pela vida sempre”!