quarta-feira, 14 de maio de 2014

Olhar de pedinte esnobe,
Cachos tão negros como nunca vistos,
Barba de arame farpado,
E existência sem latifúndio.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A ruína

A ruína arruína,
A ruína range.
Sobra-se os destroços,
E a reconstrução. 
O dia hoje amanheceu estranho,
Procuro sua boniteza,
Mas ele ainda me parece feio.
Busco aqui e acolá sua beleza,
Viajo entre livros,
Músicas,
Mensagens,
E fotografias.
O peito arde,
O coração aperta.
Como amar pode ser tão ridículo?

O dia em que a Maré marejou

Hoje a Maré marejou,
Marejou nos olhos do menino da Vila do João,
Que subiu e desceu pelas bandas das Minas,
Construindo sonhos no alto de um morro dedicado à Santa Terezinha.
Mas o menino sabia que iria voltar,
Era preciso voltar e se construir ainda mais.
E desta vez sem santidade.
Quisera fosse Nossa Senhora da Concepção,
A virgem abençoada a carregar o Messias.
Não, não era a santa que lhe acompanhava.
Mas foi uma Conceição que cruzara seu caminho.
Conceição que se tornara Conceições.
Em suas dezenas de vidas,
E fardos diários.
E o menino se tornou um homem.
Um homem com muitos sonhos,
Com uma boniteza de quem é das águas.
De quem mareja com Oxum,
E guerreia com Oxossi.
O caminho ainda segue...
Com o menino que habita o homem,
Com seus santos,
Orixás,
Loucos,
E poetas.