Mais uma vez eu estava ali diante de ti. Seu sorriso estampado como a primeira vez. Uma mistura de nervosismo, alegria, saudade e tesão. Mal acreditava, mas era você e eu mais uma vez.
Por hora pensei que estávamos no tempo de Chrónos, o tempo que permite muita coisa, mas logo vi que não. Chrónos é o tempo do igual, dos momentos iguais e seqüenciais. A soma do passado, presente e futuro. Estando este presente limitado entre o que já foi, o que não é mais e o que ainda foi. Impossível os momentos contigo serem iguais, o presente ser limitado, seu beijo não era o mesmo, teu toque não era o mesmo, você e eu não éramos mais os mesmos. Com certeza não era o tempo de Chrónos, estávamos em outra temporalidade, uma temporalidade rizomática entre o passado e o presente apenas, o futuro já se fazia presente.
Bom, pensei comigo, se não é o tempo de Chrónos deve ser o tempo de Kairós, o tempo da oportunidade, da gratuidade e da qualidade. O tempo que ultrapassa o pêndulo do relógio. A vida havia me presenteado uma oportunidade de lhe re(encontrar), era Kairós, logo percebi ao tocar tua pele, ao escutar as notas do jazz contigo, ao olhar no fundo dos teus olhos. Estava claro, era o tempo de Kairós!
Não! Não era o tempo de Kairós! Ao estar em teus braços, entre gemidos, sussurros, declarações, lambuzados em espermas, entre um gozo e outro. Ao virar para o lado e ver você dormindo ao meu lado desejei que você o tempo de Aión, o tempo da eternidade, a temporalidade não numerável, o tempo intenso a vida humana. Como eu queria que tudo se eternizasse, que aquela noite não acabasse, que estivesses assim, pertinho, sempre comigo!