domingo, 20 de dezembro de 2009

Vida no armário.

Me escondo!
silencio no armário empoeirado das minhas reminiscências,
choro e grito entre suas paredes mofadas repletas de hipocrisia.
Escuridão, medo, choro, clandestinidade e incompreensão.
Eis a vida dentro de um armário!

terça-feira, 27 de outubro de 2009


Tudo começou numa tarde ensolarada de verão.Diante das ondas revoltas, estava eu sentado na areia, olhando para o mar em busca de respostas. As ondas iam e vinham, algumas chegavam a molhar as pontas dos meus pés e voltavam para o mar carregando os calos do caminhar.


A areia quente aquecia minhas nádegas e as partes do meu corpo que se encontravam em contato com a superfície áspera. Na minhas mãos sentia uma vontade enorme de tocar, cavar a areia e enterrar minhas angústias, verdades e questionamentos.


Tudo parecia harmônico diante de tal natureza exuberante. Meu coração batia intensamente e meus pensamento estavam em constante rebeldia. O corpo tremia, as mãos e os pés suavam e o meu corpo parecia um vulcão.


Questionamentos, indecisões e frustrações. Não será a vida também um pouco isto?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


Acorda América,
Acorda Brasil,
Acorda você.

Homem, mulher,
jovem, idoso e criança.

Acorda povo!

Chegou a hora,
de mexer na terra,
e fecundar o chão com a nossa união.

Chegou a hora,
De ser gota d'água,
e encharcar com abraço o nosso povo irmão.

Chegou a hora,
De ser ar puro,
e separar o muro da distinção.

Chegou a hora,
De ser sol nascente,
e de sentir-se gente,
Povo em comunhão!


Outubro de 2003.

(Re)enegrecimento Feminizado


É madrugada e os tambores tocam,
Acorda! Chegou à hora.
Hora de gritar,
Reenegrecer,
Bater barriga
E cair no samba-de-roda.

Chegou à hora do grito negro feminino,
Da desconstrução da “Dona Benta”
E da “mulata”.

Chegou à hora da mulher negra,
Símbolo de luta e ancestralidade.

Você silenciou,
Meus lábios estremeceram,
Paixão, amor, carinho e cumplicidade.
Onde pararam?

O telefone deixou de tocar,
Os e-mails não chegavam mais.
Estávamos nos distanciando.

Meu corpo sussurrava,
Pedia por você.
Suas mãos,
seu cheiro,
sua voz,
seus lábios no meu pescoço.

As lágrimas escorriam entre meu corpo.
As mesmas lágrimas que um dia percorreram quando nossos corpos entrelaçados se amavam.

Os dias passaram e fomos nos perdendo.
Olhares externos,
Desejos,
Tesão,
Traição.

Em cada traição uma dor.
E a falta de você.

Dor acompanhada de prazer,
E desejo.

Algo de divino e pecaminoso.

Você sumiu,
Eu sumi,
A música parou,
E não apertamos o play.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O FOGO NÃO ACABOU!


Não era apenas barulho...
Não era trovão,
Havia um clarão!

Não era relâmpago,
Nem a claridade da lua,
A mata estava em chamas!

Chamas de pistolas,
Violência
E ganância.

Casas queimadas,
Roças destruídas,
Vidas incendiadas.

Era o fogo de 51!

Fogo do pavor,
Choro
E medo.

Da fome,
Dor
E vergonha.

Homens espancados,
Mulheres estupradas,
Crianças açoitadas,
Idosos ridicularizados.

Seres humanos mutilados!

Queimaram vidas,
Destruíram sonhos,
Mataram índios (as).

O fogo não apagou!
A chama está acesa!

Acesa na intolerância,
Na ausência de políticas públicas,
E nas tentativas de silenciamento dos Pataxó.

Paulo de Tássio B. da Silva, 17/04/2008.