domingo, 8 de julho de 2012

Zé Ninguém

Chocados!
De olhos arregalados,
Anunciadores...
Um corpo sangra.

Sob olhos o círculo sangra,
Os muros o cercam,
O vigilante lhe penetra.

Homens invisíveis,
Machos desejosos,
No vaivém afunilado.

O asfalto para,
Sem faixas ele para.
Jogado, tudo parece inerte.

Um círculo acusador,
Num estado opressor.

Do outro lado dos muros,
Sem Marx, Deleuze ou Rosseau...
Um Zé Ninguém,
A espera do seu destino,
O camburão.

Um comentário:

Ed Palamone disse...

Tão comum, tão banal infelizmente!, todos os dias nos deparamos com ninguendades nas ruas, nos becos, nas esquinas, nos tráfegos, e não lhes dispensamos o olhar delicado, generoso, circunscrito nesse poema. Que lindo, anjo!