sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A vida

A vida é um caleidoscópio de possibilidades,
Permeada de várias escolhas.

Escolho,
Me lanço,
Mergulho,
E sigo.

Experiencio,
Chego até retroceder,
Mas uma coisa eu não faço,
Me estagnar.

Trago comigo a seiva do mandacarú,
A esperança do retirante,
E o lumiar do Sertão.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Recomposição

O passo não tem sido como antes,
A respiração está ofegante,
Os tempos e os ritmos estão diferenciados.

Cadenciar o passo,
Mudar o percurso,
Diminuir obstáculos.

Olhar para trás,
Esperar o outro.

O simples e o cotidiano,
Torna-se desafiador,
A cada conquista um sorriso,
Uma esperança.

O toque perpassa novos cuidados,
Novos afagos,
Afetos cartografados em corpos febris.

Beijos no dorso da mão,
Cheiros no cangote,
Cafuné na barba,
Um beijo na testa.

São os sonhos se recompondo,
É a vida sendo devolvida.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Olhar de pedinte esnobe,
Cachos tão negros como nunca vistos,
Barba de arame farpado,
E existência sem latifúndio.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A ruína

A ruína arruína,
A ruína range.
Sobra-se os destroços,
E a reconstrução. 
O dia hoje amanheceu estranho,
Procuro sua boniteza,
Mas ele ainda me parece feio.
Busco aqui e acolá sua beleza,
Viajo entre livros,
Músicas,
Mensagens,
E fotografias.
O peito arde,
O coração aperta.
Como amar pode ser tão ridículo?

O dia em que a Maré marejou

Hoje a Maré marejou,
Marejou nos olhos do menino da Vila do João,
Que subiu e desceu pelas bandas das Minas,
Construindo sonhos no alto de um morro dedicado à Santa Terezinha.
Mas o menino sabia que iria voltar,
Era preciso voltar e se construir ainda mais.
E desta vez sem santidade.
Quisera fosse Nossa Senhora da Concepção,
A virgem abençoada a carregar o Messias.
Não, não era a santa que lhe acompanhava.
Mas foi uma Conceição que cruzara seu caminho.
Conceição que se tornara Conceições.
Em suas dezenas de vidas,
E fardos diários.
E o menino se tornou um homem.
Um homem com muitos sonhos,
Com uma boniteza de quem é das águas.
De quem mareja com Oxum,
E guerreia com Oxossi.
O caminho ainda segue...
Com o menino que habita o homem,
Com seus santos,
Orixás,
Loucos,
E poetas.