Num apartamento em meio a tantos,
no décimo terceiro andar de um edifício em Laranjeiras, a chama se acende com
suas labaredas azuis e vermelhas, esquentando bocas, ferros e partilhas. A
cozinha se torna aconchegante e as panelas parecem pedir para serem tocadas e
acariciadas. Todas querem celebrar conosco. É mais um reencontro!
Lá fora, os carros cortam o asfalto, e pessoas caminham freneticamente, carregando sonhos, desejos e vontades. Por aqui, observo suas mãos com movimentos rápidos que insistem em fazer tudo sozinho, e logo a cebola é picada sem lágrimas, misturando-se ao cheiro do alho e do pimentão, em meio ao barulho da panela que já canta no fogo. No som ao fundo, um tenor nos acompanha, marcando ritmos e compassos. Que deslizam no óleo quente a fritar os condimentos.
A calabresa já está cortada, esperando o momento certo de sua fecundação, com uma pitada de sal. Poderia faltar tudo, mas sobraria a alegria, a felicidade e o contentamento do reencontro. “Sempre haverá um cantinho para você se jogar!”
Sem vinho, ou com vinho; na
sacadinha, ou no quarto. De frente, ou de costas para o Cristo; sempre haverá o
reencontro. Nossa amizade tem cor, cheiro e sabor. Impossível preparar
berinjelas e lentilhas sem lembrar de “Ti”.
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