quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sim, essas manifestações tem um recorte racial, classista, dentre outros bem definido. Me perguntava onde estavam as velhas bandeiras dos movimentos do campo, dos atingidos por barragens, do movimento indígena, das mulheres, dos LGBT’s, dos sem tetos, sem universidades, dos sem dignidades...Do povo brasileiro que tem acordado há muito tempo.

Eram click’s e flashes aqui e acolá. Todo mundo querendo fazer parte da “revolução”, entrar para a “história”. O Brasil acordou? Não tenho uma opinião fechada acerca dessas manifestações. Acredito que podem ser válidas, afinal são outros segmentos de nossa sociedade que estão despertando.

Ao abrir a bandeira do movimento LGBT, que não conseguiu ficar aberta por muito tempo, um grupo de estudantes se afastou em meio a risadas e chacotas, não querendo com esse nenhuma vinculação. E faltou gente para peitar e carregar a “bandeira”. Na chegada do movimento da população de rua, as frases eram: “Olha aí os nóias”. Ao término da manifestação, alguns reclamavam do ônibus cheio e o cheiro do suor que exalava pelo veículo. E o ponto de parada era o próximo ponto de táxi. Sim, são manifestações de uma camada que pode e acredito estar querendo aprender e fazer diferente. E este é um dos motivos que me faz estar junto, mesmo me revirando o estômago em algumas situações.

Hoje levantei uma reflexão com alguns amigos do trabalho sobre a frase mais dita na caminhada: “Vem pra rua!”. Mas quem estava na rua? Com certeza não eram os morros e as demais periferias de Vitória. Não me assustei quando uma colega me respondeu: “O morro não desceu porque eles tem bolsa tudo.” Volto a me perguntar: Onde estão as pautas cotidianas nessas manifestações? Por que os movimentos que sempre marcharam e tomaram as ruas não tem tido pertencimentos com essas manifestações? Se você encontrar alguma, será a “exótica” em meio a multidão, como a plaquinha que eu carregava pontuando uma das reivindicações do movimento indígena, objeto que muitos “curiosos” fizeram questão de fotografar.

Volto a dizer, o Brasil não acordou! Adorno nos diz que (re) elaborar o passado é sempre necessário. E citar Adorno, considerando sua vinculação de classe é oportuno nessa situação. É necessária uma (re) elaboração do passado para um esclarecimento e consequentemente uma emancipação. Neste sentido, cabe dizer que certos segmentos e grupos da população brasileira estão acordados há muito tempo.



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